Quando fui diagnosticada com ansiedade, a tal nova doença do século e da contemporaneidade, não me dei conta do tamanho do problema em que havia me envolvido.
Mesmo sabendo que havia algo errado com a forma como os sentimentos surgiam em mim e como eu lidava com eles, e mesmo sabendo que naquele caso, acompanhamento médico era uma necessidade, e que se tratava de uma doença mental, achei que tinha o controle daquela situação.
Dois anos após o diagnóstico e início do tratamento, conseguimos, eu e a terapeuta, conseguimos avanços importantes: identificar os sintomas da ansiedade que se manifestavam em mim, identificar padrões de comportamento provocados pela ansiedade, identificar pontos que eu precisava alterar e, principalmente, identificar possíveis causas geradoras da doença.
Tudo isso em um tempo curto de tempo e as vezes, em descobertas quase "iluminadas", de tão claras e precisas que se mostravam.
Essas descobertas deveriam apontar para maior controle da doença e de mim mesma.
Mas após dois anos convivendo com essa realidade, a última sessão de terapia apontou para novos desafios: retornar ao tratamento medicamentoso homeopático e, se não houver melhoras nos sintomas, buscar tratamento psiquiátrico.
O dia de ontem, após a terapia, foi de reflexão e medo, e o medo tem estado tão presente e enraizado em mim, que já tou perdendo o medo do medo. Mas o susto de ter de tratar a ansiedade com psiquiatra e com medicação alopática e mais forte, isso sim, me pegou de jeito.
Um susto no prédio em que moro, numa madrugada no começo do mês, em que a vizinha chegou de uma festa brigando com o namorado e mais parecia um assalto, desencadeou em mim uma crise de pânico que não se afastou mais. Chamei a polícia com medo de ser um assalto e de sofrer as consequências dessa violência. Desse dia em diante, qualquer barulho no prédio, qualquer barulho, desencadeia em mim uma crise de pânico manifestado por tremores no corpo, medo e coração acelerado.
De repente, comecei a sentir medo de voltar para casa. De repente, comecei a ter uma crise de pânico sem estímulos, sentada no sofá em frente à televisão. De repente, comecei a esquecer palavras simples e do cotidiano, com calça, telefone e computador. De repente, comecei a ter lapsos de memória, esquecendo, por segundos, onde estou, para onde vou e do rosto de pessoas conhecidas. De repente, passo a ter medo de andar de avião. De repente, vejo sombras pela fresta da porta do quarto, durante a noite.
De repente, todos os sintomas da ansiedade tomam conta da vida e acendem o sinal vermelho de alerta: a ansiedade começa a ganhar mais espaço nessa disputa.
E não são os sintomas que mais assustam. Assusta, mesmo, é a perda do controle da mente e do corpo, a possibilidade de perder a capacidade de raciocinar logicamente sobre a vida. Assusta a necessidade de ter de buscar o tratamento psiquiátrico e medicação alopática.
É preciso enfrentar isso tudo, sim, é preciso. Mas o susto que veio com esses novos sintomas ainda não passou. E o telefone do consultório do homeopata, ainda não atende.
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