Quando volto para casa, estou feliz por mais uma atividade cumprida, mais uma tarefa realizada apesar de todos os pesares. Mas, preciso de um ou dois dias para "voltar ao normal", sair de um estado meio anestésico. Nesses dias, tenho sono descomunal, minha capacidade de concentração é baixíssima e a de dispersão vai para as alturas.
Depois que fui diagnóstica com ansiedade, e depois de iniciar a terapia e começar a refletir sobre o que sinto, como sinto e possíveis porque sinto, comecei a refletir sobre esse meu estado pós atividades no trabalho.
E começo a pensar que a ansiedade me faz ter um sofrimento constante. Ao fazer algo, sofro com o antes, com o momento de realizar e com o depois. Não bastasse esse estado permanente de tensão, todos os sentimentos que permeiam o dia a dia, são dilatados, ganham uma intensidade que nem sempre corresponde ao que vivo naquele momento. Tenho a capacidade de sofrer mais por aquilo que minha mente projeta para o futuro do que por aquilo que se dá de fato em um determinado momento na minha vida.
Para mim, cada etapa do trabalho é como um parto mesmo, durante minha atuação nos cursos, praticamente me desloco para a tarefa que tenho que cumprir, minha mente se desliga de qualquer outra coisa. E depois de cumprida a tarefa, fica a reflexão sobre o que foi, o que fiz, porque fiz, e um cansaço, físico e mental, que leva um tempo para ser superado. O antes, o durante e o depois é uma dor, misturada com ansiedade, misturada com angústia, misturada com coragem, misturada com apreensão, misturada com medo, misturada com insegurança e misturada com esperança.
Meu trabalho não é um peso para mim, pelo contrário, de certa forma, eu me salvo nele, me edifico, sinto prazer e esperança no que faço e pelo que faço. Mas a forma como lido com os sentimentos que o meu trabalho desencadeia, a forma como desenvolvo minha percepção sobre a coisas mais simples, isso sim, parece, parece uma metade arrancada de mim, como diz a letra da música.
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